quinta-feira, 14 de agosto de 2014

[Livro] Quem é você, Alasca?

Quem é você, Alasca? 


Autor: John Greene

Sinopse: Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez". 

***

Minha opinião: Sempre tive vontade de ler um livro do Sr. Greene, pois vários amigos já me indicaram livros dele - nem sempre o mesmo. Obviamente, a cada amigo que me indicava o dito cujo mais interesse eu tinha, então, dias atrás minha irmã chegou com o livro "Quem é você, Alasca?" que emprestou de um amigo na escola, então pensei: finalmente. O livro ainda permaneceu por alguns dias na minha cabeceira, mas quando resolvi começar a ler, não consegui mais parar. Posso dizer com toda franqueza que todas as indicações que recebi não mentira, o cara realmente escreve demais. E não são clichês recheados de finais felizes ou de amores impossíveis e pessoas rasas, são personagens intensos e problemáticos. Talvez, quando leio reparo muito nessas coisas em quão críveis são os personagens, mas não posso evitar, é algo que me chama atenção.  
E o livro começa com uma contagem regressiva para algo - eu não sabia nada sobre o enredo da história, logo, fui pega de surpresa pelo desfecho, apesar de a partir de certo ponto dar pra imaginar, eu não queria acreditar - e acaba sendo o antes e depois de um acontecimento que muda totalmente a vida do personagem principal, Miles (O Gordo) e todos que o rodeiam pois vai mudar a maneira como eles veem a vida e marcá-los para o resto de suas vidas.
E a forma como Miles trabalha essa tragédia, primeiro lidando com a negação, a aceitação, para em seguida lidar com a dor em si é simplesmente lindo. 
Algo que achei bem interessante foi o fato do personagem principal ter como hobby "últimas palavras", ele colecionava as ultimas palavras de célebres mortos e duas com maior destaque permeiam a obra toda, são as supostas frases finais de Simón Bolivar, "Como sairei deste labirinto?" e a de François Rabelais, "Saio em busca de um Grande Talvez".  
 

De forma especifica, a frase de Rabelais é o que motiva Miles do começo ao meio da obra, pois ele está obcecado com a possibilidade de ter o seu Grande Talvez que parece nunca chegar, e a partir do meio da obra, ou do depois, a obra gira em torno do labirinto e o que seria ele e se estamos presos nele, como fazer para escapar? No fim da obra inclusive Miles escreve a sua própria versão do que seria esse labirinto e como sair dele, acho que só por aquele bilhete que Miles deixa para seu amigo, o coronel, já vale a leitura, porque é recheado de filosofia e pensamentos, tanto perturbadores quanto tranquilizadores.



A história se passa em um colégio interno chamado Culver Creek e é onde Miles, o garoto retraído e sem amigos, conhece o Coronel, Alasca, Takumi e Lara, que acabam tornando-se seus amigos e recheando sua vida de memórias e novas experiências. Obviamente ele acaba se apaixonando por Alasca, uma garota sensual e inteligente, mas problemática. Alasca possuí uma biblioteca pessoal que montou através de lojas de garagem - bem comum nos EUA - e que ela chama de "livros da minha vida" pois são os livros que ela deseja ler durante a sua vida. É algo que encanta Miles ainda mais. Alasca é imprevisível e impetuosa, forte e ao mesmo tempo muito frágil, de uma fragilidade causada pela dor que veio para ela muito cedo, com a morte de sua mãe, bem diante de seus olhos. No decorrer do livro fica claro que o motivo das ações de Alasca serem tão inconsequentes é justamente o fato dela não poder ter feito nada para salvar a mãe.

O livro em si é realmente muito bom e recomendo fortemente, é lindo. Possui sacadas realmente muito interessantes e vai te fazer pensar um pouco mais na vida - se você for esse tipo de leitor. 


“Tantos de nós teríamos que conviver com coisas feitas e deixadas por fazer naquele dia. Coisas que terminaram mal, coisas que pareceram normais na hora, porque não tínhamos como prever o futuro. Se ao menos conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de conseqüências que resulta de nossas pequenas decisões. Mas só percebemos tarde demais, quando perceber é inútil.”

John Green - Quem é você, Alasca?


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